07 novembro 2006

TRIBUNAL CONDENA SADDAM À MORTE POR ENFORCAMENTO

De Alcorão em punho, mas visivelmente abalado, Saddam Hussein, de 69 anos, antigo presidente do Iraque, ouviu, ontem, a sentença a que foi condenado pela justiça do seu país: morte por enforcamento, e não por fuzilamento, como, em Julho, sugeriu em tribunal.Durante os quase 40 minutos que durou a audiência, o ambiente na sala ficou marcado por grande tensão, com o colectivo de cinco juízes a chamar à vez cada um dos oito arguidos. Saddam chegou a gritar "Deus é maior que o ocupante", "longa vida para o Iraque". Também admoestou os guardas que o obrigaram a levantar-se à entrada dos magistrados com um sonoro "não me torçam os braços!". Este o corolário do processo judicial sobre o massacre de xiitas em Dujail nos anos 80, que começou a 19 de Outubro de 2005, tendo a fase das alegações da acusação e da defesa sido dada por concluída a 27 de Julho deste ano, ao fim de 40 sessões.Num dia de emoções à flor da pele, outro réu, Awad Ahmed al-Bandar, antigo presidente do Tribunal Revolucionário, também condenado à forca, foi mesmo expulso da sala, após gritar "Deus é grande para todos os traidores". Outro expulso foi Ramsey Clark, um dos 12 advogados de Saddam, antigo procurador-geral da República americano, que criticou o timing da sentença, proferida a dois dias das legislativas nos EUA. "Saia da sala, você veio da América para gozar com o povo iraquiano e o tribunal", ordenou-lhe o juiz Abdel Rahmane. Versão diferente têm os causídicos de Saddam, segundo os quais Clark foi expulso por ter entregado um documento de 250 páginas contestando a legitimidade do tribunal. Processado, terá de responder por desrespeito aos juízes.
Os advogados, que estiveram reunidos com Saddam durante quatro horas, no sábado à tarde, preparando-o psicologicamente para o embate da sentença, garantem que já estavam à espera deste desfecho. "Toda a acção do tribunal apontava para este veredicto", disse aos jornalistas um deles, o tunisino Ahmad Seddik.
in DN